Manuel Ramires de Oliveira – Entrevista 23 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Dr. Manuel Ramires de Oliveira

Assessor do Ministério da Economia (2006)

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«Sejamos realistas. No meu entender, onde há poder há rivalidade. Independentemente do tipo de cooperação que possa ser definida, cada uma das partes vai querer protagonismo para si próprio. É humano. (…) Por um lado, os embaixadores dizem: “Nós é que somos os representantes do Estado no exterior, portanto, nós é que devemos comandar os esforços dessa representação.” Por outro lado, temos toda a máquina do ICEP, a dizer: “Nós é que somos os técnicos, é que conhecemos os produtos e os sectores de actividade; é que conhecemos as características das nossas empresas; consequentemente, nós é que estamos em condições de ajudar as empresas portuguesas a ultrapassar as suas dificuldades e os seus desafios no exterior.”»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Dr. Manuel Ramires de Oliveira. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº23, pp. 189-200.

Luis Fonseca – Entrevista 22 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Embaixador Luís Fonseca

Secretário Executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa – CPLP (2006)

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«Quais os países que investem em intelligence económica? Ás vezes é uma questão de recursos; se os países podem investir nessa área ou não. Os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, por exemplo, mesmo que desejassem investir nessa área, é possível que lhes faltassem recursos para poder fazê-lo; e o próprio grau de desenvolvimento desses países, talvez nem o justifique. Mas a recolha de informação sobre oportunidades de negócio, de investimento e de promoção das capacidades nacionais, no meu ponto de vista, é fundamental e está a ganhar importância; porque a Economia está a conquistar terreno nas relações internacionais. Veja-se o caso da China.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Embaixador Luís Fonseca. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº22, pp. 184-188.

José Guedes Dias – Entrevista 21 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Dr. José Guedes Dias

Director de Alianças e Relações Externas da TAP – Transportes Aéreos Portugueses (2006)

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«(…) o enquadramento regulatório em que o acesso ao mercado é feito por parte das empresas de aviação está, todo ele, baseado numa teia de acordos bilaterais de transporte aéreo que são, a seu tempo, negociados entre Estados. É extremamente vantajoso para a TAP que os representantes diplomáticos portugueses, tenham uma noção sobre os mínimos da actividade das companhias aéreas – quer ao nível dos direitos de tráfego, do próprio enquadramento concorrencial, ou das dificuldades que estas empresas possam ter no acesso a infra-estruturas, como aeroportos e corredores aéreos.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Dr. José Guedes Dias. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº21, pp. 178-183.

Jorge Braga de Macedo – Entrevista 20 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Prof. Doutor Jorge Braga de Macedo

Presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical

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«Neste momento, para mim, a prova dos noves é a CPLP. A CPLP tem o Brasil – um gigante, portanto. Iniciativas de sucesso ao nível da economia – um dos objectivos desde a Cimeira de Brasília (2002) e que levou à criação de um Conselho Empresarial da CPLP (sistema que existia na OCDE mas ao nível de países que falam a nossa Língua) – para mim são a prova de que se estão a conseguir regras claras. Como imagina, fazer diplomacia económica com Angola ou com Cabo Verde é radicalmente diferente. Não só por nós – um tem petróleo, o outro tem potencial abertura aos mercados africanos e americanos. (…) Se calhar, se olhar para o número de vezes que os Bancos Centrais da CPLP comunicam entre si, vai encontrar um indicador muito interessante, porque eu estou convencido que os Ministros só falam quando há crise. Por exemplo, o Secretário Executivo da CPLP passa semanas na Guiné-Bissau. Em Timor-Leste assume o papel de bombeiro. Muito importante. Mas não é o problema da diplomacia económica. Por outras palavras, aquela questão da Interdependência complexa de que lhe falei há pouco, está longíssimo de existir no seio da CPLP. É um desafio muito específico de Portugal – a CPLP é das poucas, se não a única organização internacional com sede em Portugal. Ao termos carinho pela CPLP – não só dando-lhe um palacete na Lapa, mas ajudando a nível económico – estamos a demonstrar a nossa maturidade multilateral.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Prof. Doutor Jorge Braga da Cruz. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº20, pp. 166-177.

João Marques da Cruz – Entrevista 19 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Mestre João Manuel Marques da Cruz

Presidente do ICEP (2006)

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«O Estado quando se mete em projectos empresariais, só faz asneira. O que o Estado deve dizer é: “Empresas, fundam-se”, “se fizerem processos de fusão, nós damos uma isenção fiscal”, coisas desse tipo. Mas as empresas é que têm de saber se o querem fazer. O Estado pode dar conselhos. O Estado ajudou a criar a Mglass, relacionada com produtos de vitrocristal de grande qualidade com o objectivo de exportar para os EUA. O Estado criou uma empresa, conjuntamente com câmaras municipais e alguns privados (minoritários), obviamente que a empresa está falida. O Estado não sabe gerir empresas. O Estado tem de ser o motor para impulsionar os outros a fazer. Dar isenções e apoios fiscais, para que as iniciativas privadas se concretizem mas não mais do que isso.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Mestre João Manuel Marques da Cruz. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº19, pp. 158-165.

João Carlos Espada – Entrevista 18 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Prof. Doutor João Carlos Espada

Director do Instituto de Estudos Políticos, Universidade Católica Portuguesa de Lisboa

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«Percebo que se diga que depois da Guerra Fria vivemos um mundo unipolar e que estamos a caminho de um mundo multipolar mas, na verdade, logo nunca houve um mundo unipolar. Em rigor, a ideia de um mundo multipolar é impossível – não digo no plano conceptual. Nem sei se vivemos num mundo unipolar na época dos impérios britânico ou romano. Quando caiu o muro de Berlim, a superpotência que sobrou das duas (EUA e União Soviética) foi a América. Mas isso não quer dizer que passou a ser a única superpotência, ou que antes havia um mundo bipolar. (…) Fundamento alguma reserva em relação ao termo bipolar, uma vez que o “pólo Ocidental” equivalia a uma galáxia de pólos. Depois porque quando caiu o Muro de Berlim já países como a China e a Índia eram países emergentes.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Prof. Doutor João Carlos Espada. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº18, pp. 149-157.

João Brazão – Entrevista 17 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Dr. João Brazão

Presidente do Conselho de Administração do Grupo Promosoft

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Sobre a Diplomacia Económica Portuguesa: «Estamos activos em todos os mercados da CPLP como exportadores, e como importadores no caso do Brasil. Houve uma deslocação do Primeiro-Ministro a Angola. A Promosoft é a mais importante empresa a exportar software para Angola e não fomos convidados. Portanto, há aqui uma discrepância muito grande entre aquilo que são as intenções manifestadas – se quer que lhe diga, um pouco para “encher o olho” em termos políticos – e o que é a prática.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Dr. João Brazão. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº17, pp. 143-148.

Gedião Vargas – Entrevista 16 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Dr. Gedião Vargas

Secção Comercial da Embaixada do Brasil em Lisboa (2006)

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«O mercado português é relativamente pequeno, ainda mais em relação ao mercado brasileiro. A oferta brasileira é gigantesca. A embaixada brasileira não é aquele organismo incontornável, que todos os empresários brasileiros tenham de consultar; mas mesmo não sendo esse catalisador indispensável do mercado Brasileiro para Portugal, nos últimos três anos, fez mais de 300 consultas a produtores de cachaça (um artigo convencional/tradicional brasileiro, como seria o azeite português). Mas existem três ou quatro efectivos importadores portugueses interessados nesse produto. Portanto, as exportações brasileiras são gigantescas e geram uma sobrecarga no mercado português. O importador já não quer saber de missões brasileiras relacionada com cachaça. Esse mercado já está pressionado, ao ponto de o produtor brasileiro ter dificuldades em entrar e exportar para Portugal. O mercado luso é aberto mas atingiu, em certos casos – não digo a saturação – mas o seu limite natural

SOUSA GALITO, Maria (2006). Dr. Gedião Vargas. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº16, pp. 133-142.

Francisco Knopfli – Entrevista 15 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Embaixador Francisco Knopfli

Professor Universitário, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP)

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«A diplomacia começou por ser comercial, de apoio aos mercadores no estrangeiro? De certa maneira sim, mas é preciso dizer que os empresários, muitas vezes, pensam que os diplomatas estão ao serviço dos empresários. Não é assim. Os empresários portugueses têm de tomar a iniciativa. Muitas vezes não tomam, estão à espera – e isto foi dito pelo próprio Ministro Freitas do Amaral – que alguém lhes mostre o caminho. E se puderem importar/exportar sem risco, melhor. Obviamente, noutros países não é assim.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Embaixador Francisco Knopfli. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº15, pp. 125-132.

Fernando dos Santos Neves – Entrevista 14 – Diplomacia Económica

Entrevistado: Prof. Doutor Fernando dos Santos Neves

Reitor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa (2006)

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««Foi-me dito que teria sido eu o responsável pela introdução do termo Lusofonia nos Estados de Língua Portuguesa. Nunca tinha pensado nisso. Mas, de facto, fui consultar os dicionários e só a partir do fim dos anos 70 é que a palavra Lusofonia aparece. (…) A Lusofonia que interessa construir começa, obviamente, por uma questão de Língua. Não é por uma questão cultural, porque é preciso fazer valer as diferenças. É um absurdo falar em países de expressão portuguesa. Por exemplo, os PALOP possuem Língua Oficial Portuguesa mas não são de expressão portuguesa, e sim de expressão africana, espero eu! A literatura produzida por angolanos, brasileiros e moçambicanos, não é de expressão portuguesa, mas de expressão angolana, brasileira e moçambicana. O que temos em comum é uma Língua.»

SOUSA GALITO, Maria (2006). Prof. Doutor Fernando dos Santos Neves. In (2007) Trinta Entrevistas no Âmbito da Diplomacia Económica de Portugal no Atlântico. CI-CPRI, ENT, Nº14, pp. 116-124.