Artigo sobre “Geopolítica Portuguesa”.
Revista “Cidadania e Defesa”, N.º 49, p. 4-7
Autora: Maria Sousa Galito, Investigadora do CESA/ISEG.
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“Portugal é uma pequena economia da UE, estruturalmente frágil, a rondar os 10,5 milhões de habitantes, longe do eixo franco-alemão, com pouco poder no xadrez comunitário para asseverar os seus interesses específicos, que são mais ultramarinos do que continentalistas, ao contrário do que acontece com a Alemanha e os países da Europa de leste, que centram as suas preocupações
nos dossiers a negociar com a Rússia e a sua àrea de influência euro-asiática. Portugal não é um país mediterrânico como os seus colegas do sul (Espanha, Itália e Grécia, com os quais é repetidamente comparado), mas como fica junto das colunas de Hércules (estreito de Gibraltar), deve ter um plano para fazer face às mudanças geopolíticas do mare nostrum (por exemplo, decorrentes da Primavera Árabe), aproveitando possíveis alianças no mundo islâmico (que não são tanto da França e de Espanha) para prevenir antes de remediar. Importa-lhe o diálogo transatlântico com os EUA e as economias emergentes do hemisfério sul (com destaque para o Brasil, Angola, China e Índia). Mas cada vez mais a UE coarcta-lhe a flexibilidade para assinar acordos vantajosos que não envolvam os outros estados-membros, os quais podem ter prioridades diferentes das suas. Para agravar a situação, a UE tem um grave problema de competitividade e os mercados estão saturados. A baixa convergência económica de Portugal com os colegas da UE contrasta com a forte dependência que tem deles (a UE representa 80% do comércio externo português) e que aumentou após anos de aplicação das políticas comunitárias.”