Há anos que Portugal vai a reboque de interesses externos, porque a elite quer pertencer ao grupo da frente, mas no Diretório não há cadeira para o nosso país, por melhor aluno que seja. Agradece os ratings favoráveis das agências internacionais, mas dívida pública nos 130% do PIB não deixa de ser bancarrota! Perdeu centros de decisão nacionais, ficou na dependência económica externa (e, também, política, porque quem não tem dinheiro não manda!), sobretudo agora que o poder financeiro foi transferido para Madrid (e os Estados que negoceiam connosco já se aperceberam disso, inclusive lusófonos). Portugal descurou o interior (visto da Alemanha, o nosso jardim parece todo plantado junto ao mar!) e abandonou os mais vulneráveis à solidão. Portugal exporta cada vez mais e devotou-se aos serviços, em especial ao turismo, mas o sistema só promove o desenvolvimento sustentável quando regulado, se impedir bolhas imobiliárias e que as cidades se tornem parques temáticos (em Veneza e em Roma mal se consegue residir!). Portugal deve preservar os valores do Estado de Direito Democrático, resolver os seus problemas antecipadamente (em economia, as crises são cíclicas, outras virão), velar pelo interesse nacional, aprender a lidar com um mundo em mutação rápida e proporcionar o máximo bem-estar possível ao seu povo para que ele não se radicalize (como outros na Europa estão a fazer!). Não deve esquecer os avisos de Cassandra, que alertou para os perigos do cavalo de madeira às portas de Troia. Ainda vamos a tempo de evitar o pior!
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SOUSA GALITO, Maria (2018). “Cassandra Moderna – Há quem avise, mas não seja escutada!”. CI-CPRI, Artigo de Opinião, N.º 41, Maio, pp. 1-4.